Ela trazia o coração partido do
seu último relacionamento. A dor fez com que levantasse um muro para protegê-lo.
Ele chegou devagar, fingindo-se de bom moço. Era bem-sucedido e cobiçado por
todas as funcionárias da empresa. Isso não lhe enchia os olhos, mas ele insistiu.
Apesar da fama de mulherengo, bonito não era, mas tinha bom papo. Era considerado
um exemplo por todos e dizia querer casar e ter filhos.
Aos poucos ele a convenceu. Por
que, não? Ela disse: Eu não sou como as outras. E ele respondeu: Eu sei. O álcool
fez com que ela baixasse a guarda, e eles se beijaram. Assim aconteceu uma,
duas, três vezes. E cinco meses depois ainda estavam “juntos”. Eles pareciam um
casal. Ele a apresentara a família, a levava para o trabalho todos os dias no seu carro. Eles
se tratavam como se fossem um casal, exceto quando ele marcava com ela e a
deixava esperando ou quando ele preferia sair com os amigos sem convidá-la. Quando
isso acontecia, ela tentava terminar aquilo que achava que existia. Ele dizia
que precisava dela e pedia mais uma chance. Como o muro já havia caído, ela
aceitava.
Certo dia, depois de um
desentendimento, ele publicou numa rede social que estava numa boate. Era dia
de semana. E ele não havia lhe falado nada. Cansada daquilo tudo que já não
parecia ter mais futuro, ela decidiu deletá-lo da sua vida. Dois dias depois, eles
se encontraram numa festa. Ele, de mão dada com a ex, como se fossem um casal. Ela
passou por eles, o olhou e o cumprimentou de cabeça erguida e um tanto quanto
aliviada. Afinal, antes só do que mal acompanhada.