Thaís Costa
Outubro/2010
É dia dos
professores... o meu terceiro dia dos professores... e tento procurar um motivo
para comemorar. Hoje fiquei sabendo que mais duas pessoas que se formaram
comigo resolveram abandonar a profissão... mais duas... menos duas...
Nas salas dos
professores das escolas onde trabalho, o assunto sempre são os alunos e como
está difícil e, muitas vezes, insuportável dar aula. Nós lidamos com alunos
mal-educados, carentes, rebeldes, drogados, com problemas psicológicos,
envolvidos na criminalidade... e todas essas especificidades juntas numa sala
de 40 alunos ou mais. Vemos pais nos cobrarem uma atitude e dizerem que não
sabem mais o que fazer com os filhos... vemos pais que não querem saber dos
filhos ou que acham que querer saber deles é sinônimo de passar a mão sobre
suas cabeças sempre que fizerem algo de errado... vemos pais cegos, que acham
que os filhos são santos e que a escola os discrimina... Vemos tantas coisas...
Vemos a crueldade e a violência de alguns alunos para com outros alunos e para
com os professores; vemos também a banalização do palavrão e do sexo em sala de
aula; vemos a vulgarização das meninas e a banditização dos meninos, que muitas
vezes nem fazem nada de errado, mas falam e têm atitudes como de bandidos,
porque estes são os seus ídolos. Vemos tanta coisa, Meu Deus! E todos os dias
nos perguntamos: o que estamos fazendo aqui? Para que tentar dar educação a
quem não a deseja, a quem vê o professor como o inimigo a ser combatido, e não
como alguém que está ali para orientá-lo? Essa guerra muitas vezes parece tão
injusta... são 40, 50 alunos contra um professor em sala de aula.
O que mudou
nos últimos anos? Na minha época de aluna não era assim... nunca fui santa, nem
uma múmia em sala de aula, mas respeitava meus professores e sempre tive prazer
em estudar. Por isso quis ser professora, porque achava que era na sala de aula
que eu poderia fazer diferença. Mas que diferença eu estou fazendo hoje se, muitas
vezes, me pego pensando: Droga! Tenho que ir dar aula para aquela turma! O que
eu posso fazer por eles se eu mesma não quero estar ali?
É claro que
nem todas as turmas me fazem sentir assim... mas são exceções, infelizmente. Há
alunos carinhosos, há alunos curiosos, há alunos com fome de saber... esses
alunos me fazem continuar, me fazem acreditar que ainda é possível mudar essa
situação, mas não posso negar que, mesmo nesses momentos, tenho me perguntado:
Será?
Enfim, aos
meus companheiros de labuta, um bom dia dos professores (ainda que atrasado),
que consigamos repensar nossa prática de modo que possamos chegar a esses
alunos que ainda nos vêem como inimigos para que, de fato, façamos alguma
diferença!
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