terça-feira, 1 de maio de 2018

No dia do trabalho, uma reflexão


A gente trabalha demais e vive de menos, se diverte de menos, aproveita a família, os amigos e a vida de menos. A gente trabalha demais e, na maioria das vezes, nós não temos o nosso esforço e dedicação reconhecidos. A gente sai para beber, comer, dançar e jogar papo fora de menos, e nos acostumamos com isso, porque a vida toda ouvimos que crescer era isso, que era exatamente isso que devíamos fazer depois de anos e anos de estudo. Afinal, estudamos para quando crescermos termos uma profissão. Crescemos, temos uma profissão, deixamos de viver e achamos isso normal. Devido à labuta diária, nós já não ouvimos mais música como antes: a música é de menos, a leitura também é de menos, assim com a poesia, a arte e o tempo dedicado à escrita. Nós levamos a vida a sério demais, o tempo todo, porque temos compromissos, responsabilidades, e esquecemos de rir de bobeira, de assistir filmes e programas bobos apenas porque sim. A correria do dia a dia é tanta que não nos permitimos deixar o tempo passar frouxo sem ficar com o sentimento de que ele foi perdido, como se perder tempo fosse algo ruim e trabalhar insanamente fosse algo bom. Trabalhando dia após dia, hora após hora, minuto após minuto, sendo cada vez mais exigidos por nossos patrões, deixamos de ter a paixão que tínhamos inicialmente pela profissão. Com o tempo, por causa dela, deixamos de fazer o que queremos fazer, para fazermos o que devemos fazer. A rotina e o excesso sempre estragam tudo. Enfim, vivemos para trabalhar, em vez de trabalharmos para viver, e a profissão, em vez de nosso meio de vida, se torna o nosso meio de morte. A questão é: no final, tudo isso terá valido a pena?


Thaís Costa
(1/5/2018)

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