Thaís Costa
Junho/2017
Finalizar o meu último texto e me dar conta do
avançar das horas me fez perceber algo terrível.. Eu escrevo muito menos do que
eu gostaria. Eu leio muito menos do que eu gostaria. Vejo meus amigos, brinco
com meus gatos e curto o conforto da minha casa muito menos do que eu gostaria.
Viajo, conheço novos lugares e culturas ou simplesmente paro para observar e sentir
a natureza muito menos do que eu gostaria. Não tenho namorado ou um grande
amor, ainda que não correspondido. Não sou fã de futebol ou adepta a religiões.
Trabalho como uma louca. E sinto falta quando não tenho que trabalhar. Como chocolate
quase todos os dias, essa pequena loucura me dá algum prazer. E sabe o que é
pior disso tudo? É o sentimento de não ter sido. Eu passo tanto tempo sendo,
que eu não consigo ser o que eu gostaria de ser. Eu sinto que eu poderia ser
tudo o que eu quisesse, se eu tivesse tempo para ser. Eu gostaria de estudar
história do Brasil e do mundo, filosofia, história da arte, literatura (por
mais que se conheça sempre há mais a se conhecer), música (eu verdadeiramente
gostaria de aprender a tocar algum instrumento), gastronomia (eu adoro
cozinhar...). Mas, em vez disso, a minha existência está fadada à subsistência.
É tarde. Eu devo dormir, amanhã um novo dia começa e é preciso acordar muito
cedo para ir trabalhar. Uma vida inteira isenta de grandes paixões, uma vida
sem perigos. “A vida apenas, sem mistificação”, como diria Drummond.
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